quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Crônicas Aripuanenses: Semana da Pátria


Os meses de Agosto e Setembro eram os mais animados da minha época de estudante, deste o momento em que entrei na escola já acompanhava as bandas marciais das Escolas Estadual Guilherme Buzaglo e Professor Francisco Sá, comandados pelos professores Arnoldo Leite (Nol) e Jubert Rodrigues (Jubinho). Acompanhava encantado os tambores harmonicamente juntos, o som do tomprete, até os toques incorporados a cultura local, como:
“... eu quero pão Paraíba, pra mim comer Paraíba, pra mim comer!”
Seguia acompanhando a banda todas as noites pelas ruas da cidade, e de dia eu e meus amigos usávamos uma lata de goiabada para fazer de tarou e de leite para ser o bumbo, era uma verdadeira bagunça, os vizinhos ficavam aborrecidos, importunados com tanto barulho.
Meus pais sentiam orgulho em presenciar uma atividade inesquecível na vida de cada estudante, aquele momento era único! Participar da Marcha, demonstrar o AMOR pela pátria, ter orgulho em ser brasileiro era repassado em cada esquina desta cidade. Algumas semanas antes artiarvamos a bandeira do Brasil, Amazonas e de Novo Aripuanã, cantávamos os hinos orgulhosos e temerosos com a passada de olhar da Dona Angelina Gonçalves.
As escolas seguiam uma programação esportiva e cultural, dia 01 de setembro começava com a corrida do fogo simbólico, depois ao longo da semana com gincanas, maratonas, corridas de bicicleta, jogo interclasse etc. Entretanto dia 05 setembro, elevação do Amazonas a categoria de Província, os clubes filiados a Liga Esportiva de Novo Aripuanã (LENA) participavam com seus atletas num belíssimo desfile. No dia 06 acontecia a gincana realizada pela escola Guilherme Buzaglo, equipes eram formadas como a equipe liderada pelo Sávio, João Cruz, Dirlei,Emerson (Merson), entre outros jorvens que revolucionaram a cultura tucumãense.
Mas o ápice era o dia 07 onde as escolas demonstravam a criatividade e ousavam com temas de grande interesse educacional para população, na semana da pátria todas as manhãs acordávamos com som dos hinos da bandeira, independência, Amazonas e do Brasil. Às 5 da manhã acordávamos alegres em representar a escola, calçava a conga e/ou Kichute com o uniforme do colégio e seguia para o local de concentração.
Entretanto com passar das horas todos ficavam cansados e extenuados com o sol, mas a força de vontade era maior que o abatimento. A população ficava em pé por varias horas esperando a apresentação de todas as escolas, esperava a banda passar com diz Chico Buarque, para depois retirar-se, mas para o aluno que ficou um mês ensaiando fica uma tristeza por ter acabado, pois no ensaio começava as paqueras, e muitas vezes sugiram até casamento, no entanto a saudade permanece intrínseca no coração do aripuanense. Claro que naquela época era o militarismo, o sistema ante-democrático, em que imperava a ditadura, mas a disciplina era imposta nas escolas e o respeito prevalecia entre aluno e professor.
Em síntese todos os alunos participavam das atividades cívicas com orgulho e respeito a nossa pátria, o espírito renovava-se a cada ano, dedicávamos horas, dias e meses para apresentar um bom tema, orgulhosos íamos para casa com o sentimento revigorado.

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